Hoje, segunda-feira (25), é comemorado o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, mesma data em que, no Brasil, é celebrado o Dia Nacional de Tereza de Benguela. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola de Quariterê, em Mato Grosso, reconhecida por sua luta contra o racismo e contra a estrutura patriarcal do século 18, antes da abolição da escravatura. Neste contexto, o Cosems Goiás ressalta a experiência exitosa “Promovendo Integralidade e Equidade a Saúde na população negra e quilombola em Cachoeira Dourada”, apresentada na II Mostra Goiana de Experiências Exitosas e Inovadoras do SUS e também na 17ª Mostra “Brasil, aqui tem SUS”, realizada no XXXVI Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde no começo deste mês de julho, em Campo Grande. Na ocasião, o técnico municipal de saúde Tiago Nogueira de Abreu, responsável pelo projeto, e o gestor de saúde do município, Tenente Belair Sousa Rocha foram convidados para participar da Roda de Conversa “Saúde da População Negra”, que contou também com a participação de um integrante do GT Racismo e Saúde da Abrasco e da SMS de Araçatuba (SP). Segundo Tiago, o projeto ressalta a importância da educação permanente antirracista junto aos profissionais de saúde, uma vez que a própria formação dentro da academia ignora o véis de raça (e de gênero), o que potencializa o racismo institucional dentro das equipes de saúde. Para o técnico, ainda é preciso que o gestor municipal de saúde seja sensível a esta causa junto à população negra, sob a perspectiva da equidade. “Se o gestor não abraçar esta causa, os profissionais não conseguem desenvolver as ações e o principal interesse é a redução das iniquidades, que possamos abrir as portas da UBS a essas populações”, declarou. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 trazem que cerca de 17,3 milhões de pessoas de 18 anos ou mais utilizaram algum serviço de Atenção Primária à Saúde, sendo 69,9% mulheres, e destas, 60,9%, pretas ou pardas (negras). As desigualdades experimentadas pela população negra em todo o ciclo da vida poderiam ser prevenidas e evitadas se o racismo fosse devidamente reconhecido como determinante social de saúde, e seu enfrentamento assumido como prioritário dentro e fora dos serviços que compõem a rede SUS. Apesar da população negra compor 53% da população brasileira, apenas 6% das secretarias municipais de saúde implementaram a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, regulamentada desde 2009.